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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

NOSSA PRIMEIRA INFORMAÇÃO CIENTÍFICA

Este texto faz parte de um resumo obtido usando a revista SUPERINTERESSANTE. À Eles, assim como aos demais cientistas e jornalistas responsáveis, nosso respeito e admiração !

QUIOTO, o japonês SHINYA YAMANAKA, revolucionou a biogenética. Em 2006, desenvolveu uma técnica para produzir as chamadas "células estaminais pluripotentes induzidas", ou IPS (induced pluripotent stem cells), que se obtêm de células adultas e possuem a faculdade de se poderem transformar em qualquer tipo celular especializado (músculo, osso, nervos…), capacidade essa que se considerava exclusiva das células estaminais embrionárias. O júri que lhe atribuiu o prêmio na categoria de biomedicina destaca as novas perspectivas que se abrem tanto para a investigação básica como para a medicina, com tratamentos personalizados e fármacos bastante mais precisos. A descoberta de Yamanaka pôs parcialmente fim ao debate de carácter ético que surgiu após a clonagem de Dolly, pois o processo não requer a destruição de embriões. O investigador nipónico admira Ian Wilmut, "pai" da célebre ovelha, e considera o trabalho deste como um passo fundamental para ele próprio ter conseguido produzir células estaminais induzidas.

Embora ainda falte muito para poderem chegar às mãos dos médicos, qual é o potencial terapêutico das chamadas IPS ?

Podem ser produzidas a partir das próprias células do doente, pelo que vão servir para entendermos melhor os mecanismos da doença e comprovar os efeitos secundários dos novos fármacos. Poderão igualmente ser usadas em transplantes e, se forem guardadas em bancos especializados, em terapia regenerativa celular. No entanto, para tudo se tornar realidade, temos de aperfeiçoar o método para produzir células IPS mais seguras.

Reprogramar uma célula parece quase magia. Como será que se apercebeu de que era possível fazê-lo ?

Desde os anos 60 que os investigadores sabiam reprogramar células somáticas de animais através de técnicas de transferência nuclear (quando se retira do óvulo o núcleo de DNA para introduzir o de uma célula diferenciada). A clonagem de Dolly, em 1996,fez ao cientista japonês pensar que devia ser possível reprogramar células somáticas humanas e devolvê-las ao estado embrionário, pelo que começou a investigar.

Qual é o mecanismo para produzir as células IPS ?

Introduzimos os fatores para reprogramar as células somáticas, e elas são cultivadas durante semanas para se comportarem como células estaminais embrionárias. As IPS podem crescer bastante e diferenciar-se em qualquer tipo de células.

A CEM ANOS DA REGENERAÇÃO

É mais fácil produzir músculos do que neurónios ? Há algum tipo de tecido mais difícil de criar ?

Essa pergunta é difícil de responder. As técnicas de diferenciação são distintas em cada caso e dependem do tipo de células que cultivamos.

Mesmo o potencial médico estando à vista, este não se concretizou pois, por enquanto, as células IPS estão a ser utilizadas como uma ferramenta para estudar as doenças ou para testar novos fármacos. A esperança é conseguir que a tecnologia seja segura para se poder efetuar transplantes no futuro, mas isso ainda irá exigir anos de investigação básica. É necessário ultrapassar alguns obstáculos, como o cancro e a formação de tumores, antes de alcançar o patamar da medicina regenerativa.

As doenças mais adequadas a receberem a terapia celular, de acordo com o que se pesquisa no Japão, são as doenças degenerativas, como a de Parkinson, a esclerose lateral amiotrófica e a distrofia muscular, e também doenças que não têm cura e afectam os rins, pâncreas e fígado.

Atualmente é difícil cultivar órgãos completos pois estes são feitos de vários tipos de tecidos que se combinam de forma muito complexa. Poderá ser mais fácil , no futuro, cultivar órgãos no corpo de um animal do que produzi-los em laboratório.

Quem sabe, daqui a cem anos não seremos capazes de regenerar membros perdidos, como fazem alguns répteis ?

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