O texto a seguir foi resumido da Revista Superinteressante.
PROFUNDIDADE À SUPERFÍCIE
As reações que ocorrem nas zonas de contato à escala molecular protagonizam as investigações do químico Gabor Somorjai.
Nascido no seio de uma família judaica de Budapeste, em 1935, Gabor Somorjai tinha nove anos quando os nazis invadiram a Hungria. Teria ido parar a um campo de concentração, se não fosse a intervenção de um diplomata sueco. Posteriormente, lutou contra a ocupação soviética, em 1956, quando ainda era estudante, mas a revolta foi esmagada e partiu para os Estados Unidos, a fim de estudar na Universidade de Berkeley, onde atualmente dirige um laboratório.
Por que se decidiu pela química ?
Queria estudar história, mas o meu pai disse-me : "A Hungria é pequena, quantos historiadores achas que são necessários?" O futuro estava na ciência, e escolhi a engenharia química.
Se olharmos para o corpo, vemos que a pele protege o interior do meio exterior, mas também regista muita atividade química ; regenera-se, a catálise faz crescer determinadas células e materiais. Numa superfície em que entrem em contato um sólido e um líquido ou um gás, acontecem coisas. Nos dispositivos pequenos, nos circuitos integrados e nos transístores, ou na fibra óptica, existem propriedades químicas.
OBTER PRODUTOS SEM RESÍDUOS
Por que é importante a catálise ?
Há determinados materiais que facilitam as reações químicas mas que, isoladamente, não participam nelas. Chamam-se "catalisadores" e são utilizados em todos os processos químicos : para fazer uma tinta, um fertilizante, seja o que for. No século XXI, são usados na chamada "química verde": pretende-se obter um produto, mas sem produtos ou resíduos. O catalisador acelera a reação e permite torná-la mais seletiva.
Quais as aplicações práticas ou quotidianas das catálises industriais ?
Nos carros, os catalisadores convertem as moléculas de monóxido de carbono em água ou CO2. Quando de pretende depurar água para torná-la potável, é preciso eliminar resíduos orgânicos, e isso torna-se possível através de um processo catalítico. Claro que há muito mais aplicações.
O que ocorre a nível molecular ?
Os catalisadores, tal como as enzimas que operam no organismo, são nanopartículas com poucos átomos, o que torna mais fácil alterar a sua composição. Se conseguirmos controlar as reações a nível molecular, podemos fabricar, por exemplo, polímeros mais leves para construir aviões que gastem menos combustível e sejam, simultaneamente, mais resistentes do que com a couraça metálica que carregam agora.
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